Pistas Street Park  
     
 

1 - PARECER DA C.B.E.R. – Confederação Brasileira de Esportes Radicais

O Brasil participa ativamente do crescimento dos esportes radicais no mundo, pois exporta diversos ídolos nas modalidades de BMX Freestyle, Skate e Agressive Inline, concretizando-se como um dos berços do desporto radical para o mundo.

O National Sporting Goods Association sugeriu 1 milhão de BMXers existente nos E.U.A em 2003, sendo que no Brasil o número pode ser ainda maior em 2012, uma vez que de acordo com a ABRACICLO – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, o Brasil é o terceiro maior produtor de bicicletas do mundo, perdendo apenas para China e Índia, se tornando-se o quinto maior consumidor de Bicicletas do Mundo com projeção de 5,4 milhões de unidades neste ano de 2012.

No Brasil estima-se que haja aproximadamente 70 milhões de bicicletas, das quais 5% destinam-se a modalidade de BMX, ou seja, estamos falando de 3,5 milhões de praticantes de BMX Freestyle.

Várias cidades do Brasil receberam pistas com projetos modernos que estão impulsionando o surgimento de pilotos de ponta e vários estados como São Paulo (São Bernardo do Campo - http://www.parqueradical.com.br) possuem bons exemplos de pistas públicas que são utilizadas por praticantes do desporto radical (BMX Freestyle, Skate e Agressive Inline) obedecendo a regras de organização elaborada pela administração com dias e horários pré-determinados para a prática de cada modalidade. Soma-se a esse exemplo, um planejamento de manutenção preventivo do local a existência de escolinhas para iniciantes das três modalidades e programação cultural.

Como já acontece em diversos locais do país, é recomendado que a nomenclatura “Pista de Esportes Radicais” ou “Street Park” sejam utilizadas, uma vez que haverá a prática das três modalidades (Skate, BMX Freestyle e Agressive Inline) dessa forma, contribuindo com a conscientização de todos os usuários para o uso compartilhado.

Enquanto a Pista de Esportes Radicais da cidade de São Bernardo do Campo é modelo de excelência para todo o país, alguns locais optam pela direção contraria, construindo somente pistas públicas para uma única modalidade, ferindo o direito do uso de outras modalidades.

Ora, se o poder público deseja tornar a prática esportiva uma atividade de lazer para educar o jovem/adolescente como ferramenta de inclusão social e por diversas vezes de recuperação, pois em muitos locais é um excelente caminho para minimizar a violência e retirar das ruas possíveis infratores, está agindo de forma contrária ao proposto quando diz à população que aquela determinada pista pública é somente para a prática de uma única modalidade, excluindo diversas crianças, jovens e adolescentes.

Construindo uma pista pública voltada a prática de uma única modalidade esportiva, proibindo o uso de outras crianças e jovens praticantes de outras modalidades do desporto radical, é destruir um trabalho que fora realizado por anos neste país, retirando à conscientização da população que utiliza esses locais com um alto grau de importância a cidadania e inclusão social.

Os praticantes de BMX Freestyle precisam desenvolver e concretizar mais representatividade nos locais de prática, e isso se faz através da criação de associações para o desenvolvimento de funções primordiais ao fomento do esporte: solicitar a construção de pistas públicas, participar da construção e elaboração das pistas juntamente com as construtoras, dialogar com o poder público e com a administração do local para a manutenção e criação de escolas e clínicas. Essas iniciativas contribuirão para que no futuro, não haja necessidade de convencer a administração sobre a importância da prática do BMX, pois ele já estará consolidado.

Face ao exposto, a C.B.E.R. – Confederação Brasileira de Esportes Radicais, entidade de fomento do Desporto Radical há exatos dez anos, não apóia a construção de pistas públicas destinadas a uma única modalidade, exceto quando ocorrer à construção de mais uma pista para a inclusão de outras modalidades, uma vez que se trata de Pistas Públicas e não Pistas Privadas, construídas com dinheiro público, excluindo milhares de praticantes de outras modalidades esportivas, pois acredita que tal atitude está cerceando um direito do cidadão (crianças/ jovens e adolescentes) de praticar seu esporte favorito e quem sabe se tornarem ídolos ou referências.

2 – ORIENTAÇÃO - PROIBIÇÃO DE USO DO BMX FREESTYLE OU AGRESSIVE INLINE EM PISTAS PÚBLICAS NO BRASIL.

2.1 – Você (Praticante de BMX) fazendo valer seus direitos de cidadão, juntamente com C.B.E.R. poderá protocolar um ofício solicitando a liberação para a prática de BMX Freestyle com o responsável pela administração do local proibido para a apresentação dos argumentos abaixo, comprovando que o BMX Freestyle não danifica mais ou menos a pista de esportes radicais do que outras modalidades do Desporto Radical (Skate e Agressive Inline). O relatório apresentado possui referências e argumentos profissionais (Item 3).

Possíveis locais para o protocolo de ofício: Prefeitura, Sub-Prefeitura, Secretaria de Obras, Secretaria de Esportes ou Administração do local.

2.2 – Caso tenha dúvida, encaminhe um e-mail a C.B.E.R.
CBER – Confederação Brasileira de Esportes Radicais, através do e.mail:
comunicacao@cber.com.br

3 - CRITÉRIOS TÉCNICOS

3.1 - ESPAÇO PÚBLICO
Por definição, espaço público é aquele que é de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). Nos espaços públicos, o direito de ir e vir é total e garantido a todos, sem qualquer tipo de diferenciação.
Por se tratar de um espaço público, as pistas construídas para a prática de esportes radicais (modalidades de Skate, BMX Freestyle e Agressive Inline) são utilizadas de forma e uso compartilhado em todo o Território Nacional, atendendo a Lei 9.459 a qual torna crime a discriminação ou preconceito.

Ex: As Ciclovias são utilizadas por: bikes, skates, patins, pedestres, carrinhos de bebê e entregadores.

Diferentemente de outros esportes, as modalidades do Desporto Radical podem ser praticadas no mesmo local.

3.2 – DADOS DO ESPORTE – ABRACICLO - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares.

• A Frota de Bicicletas no Brasil esta em torno de 70 milhões de unidades;
• O Brasil é o terceiro maior produtor de bicicletas do mundo, perdendo apenas para China e Índia;
• O Brasil é o quinto maior consumidor de Bicicletas do Mundo com projeção de 5,4 milhões de unidades neste ano de 2012;
• Estima-se que 5% do total de bicicletas existentes no Brasil sejam de BMX, ou seja, há aproximadamente 3,5 milhões de BMXers;

Com números representativos de Bicicletas e praticantes de BMX no Brasil, porque deixá-los de fora quando se trata de planejamento e atendimento a comunidade através da construção de pistas de esportes radicais?

O Ministério dos Esportes do Brasil incentiva o uso de bicicletas como transporte alternativo e os estados e prefeituras pouco informadas proíbem o uso em pistas próprias para tal.

3.3 – PARECER TÉCNICO
Parecer Técnico sobre as superfícies para pratica de esportes radicais (Skate/Bike/Patins)

Assim como o histórico de obras no Brasil 95% das pistas são construídas em concreto armado, e como tal demandam de um projeto especifico dentro das normas brasileiras ABNT.

Para tanto relatarei abaixo algumas considerações sobre estas superfícies mais comuns de serem encontradas.

Infelizmente a maioria das pistas construídas tem problemas estruturais ligados ao projeto e a execução:
Sendo a maioria dos problemas estão relacionados à:

A) Subdimensionamento do piso / estruturas e transições em concreto;
B) Falta de tratamento das juntas de Construção e Juntas serradas;
C) Problemas no acabamento superficial/Cura do concreto;
D) Subdimensionamento de Cantoneiras e copings e corrimões tubulares em aço;

Para tanto seguem abaixo um breve descritivo:

Dimensionamento do Piso / estruturas e Transições:
Assim como qualquer piso de concreto armado é de suma importância a preocupação com o projeto haja vista que a utilização é diferenciada de uma quadra esportiva ou de uma calçada, utilizada apenas por pedestres, as pistas de esportes radicais (Skate/Patins ou bikes) devem contar com um cuidado especial no dimensionamento do painéis de concreto pois sofrem impactos diferenciados,nas entradas e saídas dos obstáculos.
Aconselha-se a utilizar um concreto com resistência ≥ 30Mpa, brita 01 e traço bambeável e com aditivos plastificantes, o que aumenta a vida útil e oferece um melhor acabamento por ter mais cimento em sua composição.

Por falar em cimento o uso do CPIII deve ser evitado, ou estudado junto a usina pois tem auto índice de escoria de auto forno o que libera na superfície maior quantidade de pó após o acabamento do piso.
Outro componente muito importante para a garantia da qualidade do piso ou da superfície dos obstáculos da pista é a armadura de aço.

Esta armadura deve ser dimensionada por profissional competente com conhecimento de calculo estrutural e resistência dos materiais para que possa absorver todas as cargas inclusive acomodações do terreno e vibrações proveniente do entorno como ruas.

As telas de aço eletro-soldadas têm ainda um fator importante na prevenção quanto a retração comum ao concreto.

Juntas de Construção / Juntas Serradas:
Juntas de construção são os intervalos entre as placas de concretagem, pois não é possível concretar a pista inteira numa única etapa, nesse intervalo é deixado uma régua de madeira que é removida quando da concretagem da próxima etapa, e quase sempre não se tomam os cuidados necessários para manter a integridade destas quinas.

Juntas Serradas são artifícios de projeto para aliviar as tensões de dilatação em placas de piso muito grandes, em função disto é comum executar um corte no piso com uma serra de disco adiamantado, induzindo as possíveis trincas para esta região serrada.

O tratamento das juntas de construção/dilatação se dá na maioria das vezes com a utilização de materiais selantes como poliuretano ou epóxi.

Acabamento superficial:
Por ter um grande fluxo de pessoas e trafego de Skates e Patins (rodas de poliuretano PU) e bikes (rodas de borracha) o acabamento deve ser bem nivelado e uniforme.

Este acabamento deve ser liso sem porosidade para que diminua o atrito e consequentemente os desgastes superficiais.

Geralmente é aconselhada utilização do mesmo dimensionamento de pisos de áreas de estoque onde é comum o transito de empilhadeiras (rodas de borracha) e paleteiras (rodas em PU).

O acabamento ideal é o chamado em engenharia de “polido” com índice de planicidade e índice de nivelamento ( FF>40 e FL>30 ) conforme normas da ASTM e ABNT em vigor.

Outra dica é a utilização na construção de aditivos endurecedores de superfície, que aumentam a resistência a abrasão, e também serve de auxilio na cura do concreto fundamental para a boa qualidade do piso.
A cura é outro aspecto que deve ser considerado pois influi muito na resistência do conjunto, o concreto tem seu ciclo de cura total (período de endurecimento) de 28 dias, e deve ser respeitado no mínimo o período de 15 dias que é quando ele atinge aproximadamente 70% de sua capacidade.
Existem também outras possibilidades de aumentar a capacidade de resistência superficial e uniformizar a o acabamento, com camada de sobreposição ao piso de concreto de argamassas de alta resistência (popular granilite), pinturas epóxi espatuladas, pinturas autonivelantes etc... porém todas elas dependem de um substrato (piso embaixo) integro e resistente.

Cantoneiras e copings corrimãos tubulares em aço:
Na maioria das pistas nos obstáculos é comum encontrar proteções das bordas executadas através de cantoneiras / tubos quadrados ou redondos Corrimãos e redondos no caso dos copings.

O dimensionamento destas proteções deve levar em consideração 2 aspectos, espessuras das chapas e insert para fixação no concreto.

Como é possível ver na ilustração xxx estas peças recebem impactados ocasionados pelo peso do atleta somado ao peso do dispositivo (skate/patins ou bikes) cuja superfície de contato na maioria das vezes é a mesma (trucks de skate em alumínio/pedais e pedaleiras de bike em alumínio ou nylon).

Este impacto do conjunto é desferido em uma área concentrada o que aumenta muito a sobrecarga.)
È aconselhável trabalhar com espessuras mínimas entre 3mm e 4,75mm no caso de tubos (variando conforme diâmetro) e 3/16” e ¼” no caso de cantoneiras (variando conforme a bitola).

Conclusões Finais
É fato que nestas áreas onde são praticados os esportes Skate, Patins e Bike ocorre o desgaste do material em função do uso, da exposição a intempéries (chuvas/Frio/Calor), e que cada esporte tem sua contribuição para que este desgaste ocorra.

Não existe fator limitante do ponto de vista da engenharia que exclua a ou condene a utilização deste espaços por um destes esportes em especial (Skate/Patins ou bikes).

Sendo a área construída dentro dos preceitos acima relacionados ou não, o desgaste ocorrerá de qualquer forma, com menor ou maior intensidade, em um prazo menor ou maior dependendo da qualidade dos materiais e técnicas de execução.

Referencias:
www.abnt.org.br/
http://www.moska.com.br/default.asp?id=tecnologia
http://www.sika.com.br/pt/solutions_products/02/02a004/02a004sa99ssa01.html

Autor: Renato Paiva
Eng. Civil CREA 5060114560

 
     
   
     
   
     
 

4 – RECOMENDAÇÃO E REFERÊNCIA

SKATE PARK ASSOCIATION OF THE UNITED STATES OF AMERICA
www.spausa.org/bikes-parks.html

Bikes (BMX) e Parks ( Pistas )
As cidades devem sempre permitir que as bicicletas utilizem os Skate-Parks. Quando se constrói uma pista para recreação, o propósito é que não se exclua nenhuma criança. Pistas privadas têm a opção de decidir quem usa o local. Muitos locais privados constroem, por exemplo, paredes de escaladas para as crianças. As cidades precisam fornecer um ambiente seguro, estimulante e divertido para as crianças, se eles esperam competir com os traficantes de drogas.

Você deve permitir bicicletas em sua pista?
Sim

As bicicletas estragam as pistas?
Não. Nós temos feito pesquisas durante vários anos em diversas pistas e não temos nenhuma evidência de que as bicicletas causem mais danos ou estragos que os skates ou patins.

As bikes e os skates podem usar o park ao mesmo tempo?
Sim. Se você tiver uma pista muito popular, você deve designar horários especiais para as bikes.

Questão de direitos civis
Se você tem uma Pista Privada, então você pode decidir quem usa a pista. Se você é um Parque Público (Pista Pública) e você discrimina a bicicleta (que geralmente é aceita em parques privados) então você pode ter um problema de direitos civis. Você pode ser obrigado a construir uma pista separada apenas para bicicletas.

Há mais de 1 milhão de bikers freestylers nos EUA. Este é um esporte em crescimento, com uma adesão nacional e um dos mais emocionantes de se assistir. Crianças ativas devem ser apreciadas para os atletas que são, e dadas todas as oportunidades para se destacar em seu esporte escolhido. O BMX Freestyle é um esporte grande e estas são ótimas crianças. Eles merecem um melhor tratamento das suas cidades e comunidades.